O voo dos MEIs
A trajetória profissional de milhares de alagoanos alçou novos voos nos últimos anos. O aumento no número de registros de Microempreendedores Individuais (MEIs) foi alto nos 102 municípios do estado. Entre 2018 e 2021, mais de 54 mil pessoas decidiram voar em direção ao sonho de viver a partir dos recursos obtidos pelo próprio negócio, um aumento de 70,4% no número de microempreendedores no estado.
Dividimos os municípios em diferentes camadas da atmosfera, que servem para apontar a distância da superfície da Terra e também características específicas que o ar carrega em cada uma delas. Logo, quanto mais alto, mais distante da superfície essa camada está. Para comparar, utilizamos a relação entre os estágios da atmosfera que um voo pode alcançar e o crescimento do microempreendedorismo em cada cidade.
Exosfera
Municípios com empreendedores voando alto
Nesta camada estão os municípios que realizaram os voos mais altos. 33 cidades de Alagoas aumentaram o número de MEIs em mais de 71%, chegando à última camada da atmosfera. Dentre os voos mais altos, se destacam União dos Palmares (139%) e Olho D’Água Grande (113%), que mais que dobraram a quantidade de microempresas desde a decolagem, em 2018.
Mesosfera
Municípios que tiveram voos regulares
Confira agora as cidades com empreendedores voando em uma trajetória regular. São 36 municípios com aumento entre 53% e 70% no número de novos microempreendedores. Campo Grande, Coruripe, Cacimbinhas e São Miguel dos Milagres estão na liderança desta camada, cada cidade tendo aumentado em 70% o número de MEIs no período.
Troposfera
Municípios que tiveram voos rasos
Na camada mais próxima da Terra, temos 33 municípios alagoanos onde o empreendedorismo está começando a decolar. Dentre os voos mais baixos, o que atingiu a menor distância foi o de Santana do Mundaú, com registro de apenas 21% de aumento no número de novas microempresas. As cidades mais bem colocadas na categoria são Lagoa da Canoa e Quebrangulo, chegando bem perto da camada superior, com um aumento de 52%.
Novos voos
Ser dono do próprio negócio se mostrou uma das formas mais buscadas pelos alagoanos para ter renda e alcançar a autonomia financeira nos últimos anos. É o que mostra o aumento significativo nos registros de Microempreendedores Individuais (MEIs) em Alagoas. Entre 2018 e 2021, mais de 54 mil pessoas decidiram voar em direção ao sonho de viver a partir dos recursos obtidos pelo próprio negócio, um aumento de 70,4% no número de microempreendedores no estado.
Com o desemprego chegando a atingir 20% da população de Alagoas durante a pandemia de Covid-19, muitas pessoas viram no empreendedorismo uma forma de garantir o sustento próprio e da família.
Enquanto em 2018 havia 77.582 MEIs registrados no estado, no ano passado esse número saltou para 132.213 microempreendedores registrados. Esse aumento supera a população inteira da cidade de Marechal Deodoro, que tem sua população estimada em 52.380 habitantes, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Do total de Microempreendedores Individuais de Alagoas, a maioria (53%) é do sexo masculino, o que corresponde a 71.077 pessoas. Enquanto o sexo feminino representa 47%, isto é, 63.099 MEIs. Os dados com relação ao gênero são mais recentes, de junho deste ano.
4 a cada 100 alagoanos são MEI
Até o final de 2021, Alagoas registrou 132.213 Microempreendedores Individuais registrados, o que equivale a 3,9% da população de todo o estado. Isso significa dizer que a cada 100 alagoanos, 4 são Microempreendedores individuais registrados.
Uma das empresas criadas no período foi a do casal Polly Mesquita e Pedro Hegídio. Eles eram universitários e tiveram seus contratos de estágio cancelados durante a pandemia. Com isso, a solução foi profissionalizar a loja de eletrônicos virtual que os sócios tocavam na informalidade: investindo no negócio, formalizando a empresa e tomando a decisão de abrir uma loja física.
“Antes da criação do CNPJ, a Shop Mania era algo mais informal, um serviço prestado a familiares e amigos. Os produtos também vendíamos a esse mesmo público, então, não considerávamos tanto como um negócio, era uma forma de renda extra”, relatou a empreendedora.
“Quando formalizamos houve essa mudança de pensamento e de comportamento, pois começamos a pensar em investir na nossa educação, voltar o nosso olhar para as oportunidades, para os cursos, para as palestras e materiais. Tudo que era oportunidade de alavancar nosso negócio e começamos a nos atentar a partir da formalização do MEI”, afirmou.
Polly Mesquita e Pedro Hegídio celebram abertura da empresa Shop Mania. (Foto: Arquivo pessoal)
Anna Clara Barros, analista de Relacionamento Empresarial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Alagoas (Sebrae-AL), explica a importância dos Microempreendedores Individuais. “O surgimento de novos empreendimentos possibilita a movimentação da economia local, sendo uma fonte de renda, giro de capital que leva ao aumento do poder de compra e venda da população”.
Ainda segundo a analista, a busca para sair da informalidade e obter uma renda em um cenário em que há dificuldade em se conseguir empregos formais, possibilita o surgimento de novos microempreendedores individuais, como foi o caso de Polly.
“Ao se registrar, o MEI fica em dia com as obrigações legais perante a receita federal, os impostos são quitados de maneira menos burocrática, além da contribuição à previdência social, que garante os benefícios ao contribuinte, uma vez que esteja em dia com as obrigações”, pontuou, ainda, Anna Clara.
Em Alagoas, segundo a gerente do Sebrae, a maior quantidade de MEIs é na área de comércio ambulante de alimentos, comércio do vestuário e acessórios, mas ultimamente apresenta um crescimento também no número de motoristas por aplicativo.
“É importante observar se a abertura do MEI não irá interferir no recebimento de algum benefício, como o por invalidez ou até no recebimento do seguro desemprego. Deve-se observar antes de tudo se será possível pagar a contribuição mensalmente para manter-se regularizado”, completou.
Ajudar a empreender
A dona do Shop Mania, Polly Mesquita, contou também do auxílio que começou a receber este ano para gerir seu negócio e garantir sua renda e crescimento.
“Nós tivemos um auxílio do Sebrae, inclusive temos até hoje. O pontapé inicial nós fizemos sozinhos, porque não foi um negócio que planejamos ou que nós estávamos programados para fazer. Então, nós iniciamos a loja física a partir de uma consequência que foi a pandemia, que teve influência nos nossos planos pessoais. A gente não tinha o desejo de abrir a loja em 2020, a gente tinha o desejo de abrir mais pra frente”, explicou.
Capacitações específicas para cada segmento ou para as deficiências de cada negócio se mostram também fundamentais para os MEIs. “Fizemos duas consultorias importantíssimas com o Sebrae, uma de posicionamento digital e outra de posicionamento de mercado. Foram consultorias que nos deram um norte para estruturar nosso posicionamento nas redes sociais e perceber quais são os nossos diferenciais frente à concorrência”, detalhou.
A empresa de Polly foi acelerada pelo programa Sebrae DELAS, um programa de aceleração para mulheres empreendedoras. Durante o processo, a empreendedora teve a oportunidade de ter acesso a diversos meses de cursos e mentorias com especialistas em diversas áreas de negócios.
Anna Clara Barros, analista do Sebrae, reforçou que o MEI pode procurar o Serviço para tirar dúvidas e receber mais informações sobre a abertura, alteração, baixa, seus direitos e deveres. Outra fonte de informações sobre o MEI é o Portal do Empreendedor, onde é possível obter todas as informações atualizadas.
Matéria publicada em 29/06/2022, às 19h07
Expediente
Reportagem
Graziela França
Karina Dantas
Mychelle Maia
Design e Programação
Lucas Thaynan
Coleta de dados e Revisão
Lucas Maia