Os nordestinos elegeram 294 vereadores que irão comandar o poder legislativo nas nove capitais durante os próximos quatro anos. Desses, 138 são de direita, o que representa 47% de todos os vereadores, enquanto 109 são de esquerda (37%) e 47 de centro (16%).
A Agência Tatu realizou um levantamento para saber como será a participação dos partidos nos poderes legislativo e executivo nas capitais da região. A divisão de partidos por linhas ideológicas foi organizada pela reportagem sob análise da cientista política Luciana Santana.
A cidade de Natal (RN) terá a Câmara de Vereadores mais conservadora entre as capitais do Nordeste. Dos 29 vereadores eleitos, 18 são de partidos de direita ou centro-direita, o equivalente a 62%. A lista inclui os dois mais votados, Robson Carvalho (UNIÃO) com 9.785 votos e Ekiko Jácome (PP) com 8.819.
Por outro lado, a capital nordestina com mais vereadores da ala progressista é Recife, onde 81% dos legisladores eleitos são de partidos de esquerda ou de centro-esquerda. O mais votado foi Romerinho Jatobá (PSB) com 20.264 votos.
60% dos prefeitos eleitos em 1º turno são de Direita
O partido União Brasil, que se identifica de centro-direita, elegeu dois prefeitos de capitais do Nordeste em primeiro turno: Silvio Mendes, em Teresina (PI) com 52% dos votos, e Bruno Reis reeleito em Salvador (BA) com 78% dos votos válidos. JHC se reelegeu em Maceió pelo Partido Liberal (PL) com 83,25% dos votos, o maior percentual entre as capitais do nordeste e o segundo do Brasil.
Apenas em Recife (PE) teve um prefeito eleito por partido de esquerda. João Campos foi reeleito com 78% dos votos pelo PSB. A sigla conseguiu eleger também a maioria dos vereadores.
Já São Luis (MA) será governada nos próximos anos por Eduardo Braide, reeleito pelo Partido Social Democrático (PSD), de centro, com 70% dos votos válidos.
2º turno
A disputa pelo poder entre direita e esquerda continuará no segundo turno em quatro capitais do Nordeste. A nova votação será no próximo dia 27 de outubro.
Em Natal (RN), Paulinho Freire (União) enfrentará Natália Bonavides (PT). Na capital do Ceará a disputa será entre André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT). A votação em Aracaju (SE) será para decidir entre Emilia Correa (PL) e Luiz Roberto (PDT). Os candidatos dos três partidos de direita tiveram mais vantagens no 1º turno.
Já em João Pessoa (PB), apesar do segundo turno ser entre dois partidos teoricamente de direita, Cícero Lucena (PP) terá apoio do PT na disputa contra Marcelo Queiroga (PL), ex-ministro do governo Bolsonaro. No primeiro turno, Lucena teve quase 49% dos votos válidos contra 21% dos votos conquistados por Queiroga.
Protagonismo da direita no legislativo
A cientista política e professora na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Luciana Santana, avalia que, apesar de não existir uma polarização nacional entre partidos no resultado das eleições, o primeiro turno mostra o avanço dos partidos, principalmente, de centro-direita no poder legislativo.
“Temos observado uma ampliação de força dos partidos que estão no aspecto da centro-direita, que já faziam parte do legislativo federal, mas que estão ganhando força agora nos municípios também. Isso tem a ver com a força do centrão, que tem crescido de forma expressiva desde 2018, sob influência das emendas impositivas. É perceptível a redução do protagonismo do executivo na decisão do orçamento e aumento do protagonismo do legislativo”, pontua Luciana.
A Agência Tatu disponibilizou uma plataforma de apuração de votos com os dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os leitores puderam acompanhar em tempo real o resultado das eleições. A lista dos prefeitos e vereadores eleitos das capitais nordestinas também pode ser conferida aqui.