A Agência Tatu surgiu a partir do desejo de três estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) de produzir conteúdo jornalístico a partir da interpretação dos dados. Mesmo sabendo do potencial da área e vendo que era inexplorada em Alagoas, eles não faziam ideia do pioneirismo não só no estado, mas também na região. Assim, nasce a Agência Tatu de Jornalismo de Dados, que foi oficialmente lançada no dia 25 de abril de 2017.
A agência traz consigo muitas histórias boas de desafios e conquistas, que valem a pena ser recordadas. Lucas Thaynan, que é o diretor de visualização e um dos sócios-criadores da Agência Tatu, explica em mais detalhes como aconteceram todos os processos que envolvem a Tatu, desde a sua idealização, o planejamento necessário, a realização e os desafios do empreendimento.
Início
Para começar, devemos retornar ao momento de idealização do projeto que depois veio a ser a Agência Tatu. Thaynan conta que começou como um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a universidade, e que teve o apoio de duas amigas de curso que passaram a integrar também o projeto.
“A Tatu foi idealizada a partir do meu projeto de TCC, lá por volta de 2016. Eu já tinha essa ideia de criar uma agência que trabalhasse com jornalismo de dados, porque, um a dois anos antes, eu tinha descoberto essa área de jornalismo de dados e acabei ficando encantado. Comecei a estudar um pouco mais a me aprofundar sobre as técnicas, as ferramentas, enfim, já tinha desenvolvido outros trabalhos e artigos científicos, mas queria fazer meu TCC nessa área”, diz o sócio-fundador.
Lucas relata que o foco da Agência Tatu sempre foi voltado ao Jornalismo de Dados, mas que queria que fosse um conteúdo local, com foco em Alagoas e com aspecto mais político, que falasse sobre as eleições, sobre os candidatos e todo esse cenário político em geral.
Depois de ter tido a ideia, o cofundador relembra o apoio que recebeu de duas colegas da universidade nessa etapa. “Ao longo do desenvolvimento do meu projeto acabou que duas amigas se tornaram as co-fundadoras da Tatu. Elas queriam desenvolver algo mais prático, dentro do jornalismo de dados”, relata.
Uma das amigas da faculdade é Graziela França, que até hoje integra o time na Tatu e, atualmente, é a diretora de conteúdo. E também a Micaelle Morais, que os ajudou e foi fundamental no começo da Tatu. A Tatu realmente foi o TCC do Thaynan, mas, depois disso, os três universitários, na época, deram continuidade a essa iniciativa que vem dando frutos até hoje.
Planejamento
Em seguida, uma nova etapa surgia na vida dos fundadores, que eram os desafios de como seria a empresa. Reuniões, investimentos, direcionamento das matérias e tantas outras etapas de empreender e começar um veículo de comunicação tomaram de conta dos meses que antecederam o lançamento oficial da Tatu.
“A gente teve uma ajuda meio informal de alguns professores. Eu destaco, por exemplo, a professora Magnólia que foi extremamente importante nesse processo, mas a gente teve que se virar sozinhos. Então, a gente [Graziela França e Micaela Morais] fez diversas reuniões durante três a quatro meses. ‘Como será o nosso site?’, Qual será o foco nas nossas matérias?’”, relata Lucas.
Ele destaca também que o primeiro investimento financeiro feito na Tatu foi de recursos próprios, algo entre R$200 por pessoa para a hospedagem do site. A primeira verba da Tatu veio por meio de uma premiação de Jornalismo, que os estudantes ganharam com uma matéria escrita pelo veículo antes mesmo de seu lançamento. Durante um bom tempo, esses prêmios mantiveram a Tatu.
Além do investimento financeiro, Lucas fala que o investimento de tempo e trabalho foram mais que essenciais para o desenvolvimento da Agência. “A gente conseguiu criar um projeto com muito pouco, né? E hoje a gente já vê que esse investimento que foi feito lá atrás, já começa a ganhar mais forma. Então, isso é muito bacana”.
Um fato que certamente é muito peculiar, que chama a atenção e desperta a curiosidade das pessoas é o nome da agência. Mas por quê Tatu?
Thaynan explica que ao pensar em um nome, começou a adotar alguns critérios. Ele queria algo que fosse totalmente brasileiro e fácil de entender. Então, surgiu o tatu, que representa a primeira de algumas etapas do jornalismo de dados; a coleta de dados e informações, se tornando uma analogia para a escavação realizada pelos animais.
Realização e crescimento
Depois de planejado, a Agência Tatu começa a ganhar forma, mas do projeto no papel a um ambiente físico foi um longo caminho percorrido de desafios e conquistas.
Além dos prêmios, o primeiro projeto maior que foi remunerado da Agência Tatu aconteceu em 2018, em uma parceria com a PSCOM, mais especificamente com o TNH1 (afiliada local da Rede Record), onde produziram matérias sobre as eleições do ano com foco nos dados. Foram quase 30 matérias durante um período de dois meses. “Serviu como uma referência bem importante para a gente conseguir continuar fazendo novos trabalhos”, afirma.
Já em 2020, a Tatu foi selecionada juntamente a outras nove startups brasileiras para participar do programa de aceleração do Google, o Startup Lab, que ocorreu durante seis meses com treinamentos práticos, teóricos e workshops.
Já a conquista mais atual é o projeto realizado junto à Meta (antigo Facebook). “A gente iniciou este mês de abril o programa de aceleração, no qual vamos ficar durante três meses com mentorias. E, além disso, a gente recebeu um recurso para conseguir desenvolver nosso projeto. Então, é muito marcante, a gente vê que o nosso trabalho está sendo de alguma forma reconhecido ao longo desse tempo”, complementa.
Planos para o futuro
Assim, chegamos à Tatu de hoje: reconhecida nacionalmente e premiada. Após cinco anos de existência, a sensação de dever cumprido é grande, porém, ainda há espaço e margem para crescer mais. É o que deseja Thaynan e todos os outros integrantes do time.
Colhendo os frutos do passado e com o pensamento no futuro, Thaynan reforça que a agência já evoluiu muito: começou como um veículo laboratorial na universidade e hoje é uma startup que trabalha com produção própria e para terceiros (desde ONGS, instituições públicas e privadas).
“Que nos próximos cinco anos consigamos expandir ainda mais nosso trabalho, porque hoje estamos muito focados em Alagoas, mas há a ambição de expandir para todos os estados do Nordeste. Estamos fazendo isso de pouquinho a pouquinho, mas iremos começar esse processo ainda neste mês”, afirma o sócio-fundador.
*Estagiário sob a supervisão da Editoria