Em apenas 54 dias de governo e quase quatro meses após o resultado das eleições, o governo Bolsonaro enfrenta algumas dificuldades internas. Problemas que acabaram ampliados com as recentes declarações realizadas pelo presidente e por um de seus filhos no Twitter.
Na última segunda-feira, 18, Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL, foi exonerado da Secretaria Geral da Presidência da República. A segunda demissão ministerial mais rápida desde a redemocratização se originou no escândalo de possíveis laranjas do PSL, partido do presidente.
No episódio, candidatas teriam sido usadas para receber dinheiro do fundo partidário, mas deveriam repassar os recursos a outros candidatos. Na época, Bebianno era o responsável pelos repasses do partido.
A história ficou mais complicada para Bebianno quando o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, foi ao Twitter para atacar o ex-ministro, chamando-o de mentiroso após este ter dito que havia falado com Jair Bolsonaro naquele dia. Bolsonaro retuitou o ataque, e foi só uma questão de tempo até a exoneração do ex-ministro.
Até o fechamento desta matéria a postagem continuava disponível na rede social do presidente.
Para compreender como a família Bolsonaro se relaciona entre si, com seus eleitores e com membros do governo na rede social, realizamos uma análise do perfil do presidente Bolsonaro e de três de seus filhos: o vereador Carlos Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro.
DIGITAL INFLUENCER DO PLANALTO
Jair Bolsonaro é, sem sombra de dúvidas, um dos personagens políticos mais influentes do país nas redes sociais. De acordo com os dados coletados por nossa reportagem, Bolsonaro possui mais de 3 milhões de seguidores somente no Twitter, tendo gerado mais de 57 milhões de interações com seu perfil nos últimos 12 meses. O que faz dele o político mais influente do Twitter brasileiro.
PREFERIDO X PRETERIDO
Desde o dia em que foi eleito, Jair Bolsonaro fez 745 postagens na rede social. Sendo que 210 delas não são postagens originais, mas retweets, que é quando um usuário compartilha a postagem de outro. Mais de 20% desses retweets são de publicações do perfil de dois de seus filhos.
O presidente retuitou mensagens escritas por Carlos Bolsonaro um total de 28 vezes, por Eduardo Bolsonaro (19), pelo perfil oficial do Planalto (15) e pelo perfil de humor político Ódio do Bem (12).
Desde o dia 28 de outubro de 2018 até 20 de fevereiro de 2019, período da nossa análise, nenhuma menção foi feita ao senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente. Os perfis e a quantidade de vezes que cada um deles foi retuitado podem ser vistos no gráfico abaixo.
Passe o cursor nos círculos para ver mais detalhes:
AS PALAVRAS PREFERIDAS
Os termos mais utilizados pelo presidente no período foram Brasil, mencionado 107 vezes e todos, 91.
Ao utilizar a palavra Brasil, Jair Bolsonaro normalmente está defendendo uma política de seu governo, atacando adversários políticos ou ambos.
Israel é referência mundial em tecnologia para diversos serviços e isso nos interessa. Não há razão para criticar o diálogo, muito menos quando a crítica vem de quem nada fez, só destruiu e roubou o país. Queremos o melhor para o Brasil e para a população brasileira!
Curiosamente, seu lema de campanha “Brasil acima de tudo; Deus acima de todos” só foi mencionado três vezes durante o período observado.
Lamento a ausência na Cerimônia de Declaração de Novos Aspirantes da Força Aérea Brasileira! Cumprimento os formandos e suas respectivas famílias e lhes desejo continuados êxitos e novas conquistas! Brasil acima de tudo; Deus acima de todos!
Carlos Bolsonaro, vereador na cidade do Rio de Janeiro, fez 621 postagens próprias e 168 retweets no período analisado. A maior parte de suas repostagens tem origem nos perfis noticiosos de viés conservador @RenovaMidia e @conexaopolitica, do analista financeiro @leandroruschel e de Eduardo Bolsonaro.
Compartilhamentos de postagens de Jair Bolsonaro ficaram em décimo lugar. Assim como o pai, ele não citou Flávio Bolsonaro em nenhum momento. Veja o gráfico com os dez perfis mais retuitados por ele:
Já os termos mais citados em suas postagens são o próprio sobrenome, o sinal de reticências – devido ao hábito frequente do vereador em concluir sentenças com elas -, Brasil, todos e Deus.
Curiosamente os partidos de oposição PT e PSOL são citados mais vezes que qualquer um de seus familiares.
Eduardo Bolsonaro, deputado federal, é o usuário do Twitter mais ativo do clã. Fez 1.508 postagens no período, sendo que 806 delas são retweets. O perfil mais compartilhado por Eduardo, 17% das vezes, é o @BolsonaroSP: o próprio deputado. Isso é uma estratégia utilizada na rede social para voltar a dar destaque a uma antiga postagem.
Na sequência estão retweets do Jair Bolsonaro, do Carlos Bolsonaro e dos perfis @RenovaMidia e @odiodobem. Já o irmão Flávio teve postagens suas compartilhadas quatro vezes, o que faz do perfil @flaviobolsonaro apenas o 41º mais compartilhado por ele. Veja o gráfico:
Os termos mais frequentemente utilizados pelo deputado são, em primeiro lugar, Brasil e em segundo, assim como no caso do irmão Carlos, o sinal de reticências. Logo depois vêm citações ao presidente @jairbolsonaro e às palavras hoje e bolsonaro.
O senador Flávio Bolsonaro, apesar de possuir mais de 1 milhão de seguidores e 11 mil tweets no total, durante o período analisado preferiu a austeridade, fazendo apenas 106 postagens na rede, sendo 23 deles retweets. Mais de 50% destes retweets foram para compartilhar mensagens de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro.
O parlamentar utilizou mais frequentemente as palavras Brasil, mencionada 19 vezes e @jairbolsonaro, 14 vezes. Em seguida vieram os termos RJ e Deus, mencionados 10 e 7 vezes, respectivamente. Foi o único a ter o próprio partido, o PSL, entre as 100 palavras mais citadas na rede social.
Dados abertos
Prezamos pela transparência, por isso disponibilizamos a base de dados e documentos utilizados na produção desta matéria para consulta:
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