Com o registro recente de novos tremores de terra, Maceió tem, neste momento, alto risco de um colapso de solo às margens da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange. A Defesa Civil alertou a população nessa quarta-feira (29) sobre o risco do surgimento de uma imensa cratera no local da 18ª mina de sal-gema da Braskem.
A situação acontece em decorrência do afundamento de solo que atinge cinco bairros da capital (Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro), por conta da extração de sal-gema pela mineradora Braskem.
Vários moradores relataram ter recebido o alerta por SMS. A Defesa Civil de Maceió divulgou nos canais oficiais o “risco iminente de colapso em uma das minas monitoradas”. O Município recomendou que embarcações e a população evitem transitar na região.
A Defesa Civil de Maceió divulgou, ainda, a atualização do mapa de risco do afundamento dos bairros. Com o documento, a Justiça Federal determinou a inclusão de área do Bom Parto no programa de realocação da Braskem. Segundo estimativas da Prefeitura, 1736 lotes deverão ser realocados, além de 1289 para monitoramento na nova área.
A Prefeitura de Maceió estabeleceu um Gabinete de Crise para monitorar a situação e tomar providências diante do risco e decretou situação de emergência por 180 dias em Maceió.
Entenda o caso
- Em 03 de março de 2018, a capital alagoana registrou um tremor de terra no bairro do Pinheiro, o primeiro em 60 anos;
- Após o fenômeno, surgiram rachaduras em imóveis e crateras nas vias do bairro;
- A situação se expandiu também nos bairros do Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol;
- Em maio de 2019, CPRM divulgou o relatório de estudos com a conclusão de que o problema é causado pela extração de sal-gema, realizada pela mineradora Braskem;
- O desastre ambiental provocado pela mineradora atinge mais de 50 mil moradores, que deixaram suas casas. O caso é considerado o maior do Brasil;
- Ao todo, são 35 minas de extração de sal-gema que estavam, segundo a Braskem, sendo fechadas e estabilizadas em um trabalho intensivo desde 2019.
- Em dezembro de 2020, foi assinado um acordo socioambiental entre Braskem, Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado de Alagoas que definiu as medidas a serem adotadas pela mineradora;
- Após uma sequência de novos tremores registrados na região, na quarta-feira (30) a Defesa Civil de Maceió informou que o monitoramento mostrou um aumento significativo na movimentação do solo na mina nº 18, indicando a possibilidade de rompimento e surgimento de uma grande cratera;
- Justiça Federal determina a retirada compulsória de 23 famílias que ainda estavam na área definida para realocação no mapa anterior. Prefeitura diz também que atua para a retirada voluntária de moradores da região ribeirinha próxima à mina que apresenta risco de colapso;
- Nesta quinta-feira (30), Defesa Civil atualiza o mapa que define as áreas para realocação e monitoramento;
- Justiça Federal determina, também na quinta-feira (30), a inclusão de área do Bom Parto no programa de realocação da Braskem;
- Atualizações são publicadas ao longo do dia pelo Município e a previsão mais recente é que o afundamento aconteça por volta das 6h desta sexta-feira (1º).
Confira ainda o novo Mapa de risco da área afetada pelo afundamento causado pela Braskem e as minas da empresa que estavam em operação.