Nordeste é a região do Brasil onde a população menos cresceu em 10 anos

Migração favorece ao crescimento desigual entre os estados; Centro-Oeste teve crescimento de 15,86%

Nordeste foi a região que menos cresceu
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O Censo de 2022 mostrou que o Nordeste foi a região que menos cresceu, percentualmente, em número de habitantes em comparação ao levantamento de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior aumento populacional aconteceu no Centro-Oeste. A migração de pessoas do Nordeste para a região é um dos fatores que pode explicar o fenômeno entre as regiões do Brasil.

Confira o número de habitantes por região em 2010 e 2022

Nordeste cresceu 2,94%, enquanto o Centro-Oeste 15,86%

A Agência Tatu analisou os dados divulgados pelo IBGE e constatou que em 2010 os nordestinos totalizavam 53.081.950 habitantes, enquanto em 2022 passou para 54.644.582, o que representa 2,94% a mais. Já a população do Centro-Oeste era de 14.058.094 habitantes e em 2022 somaram 16.297.809, um crescimento de 15,86%.

Como já apontado pela Agência Tatu, mais de 76% dos municípios do Nordeste contabilizaram uma população menor que a estimativa de 2021. Leia aqui.

Crescimento desigual

O professor e economista Cícero Péricles enfatiza que as regiões do Brasil sofrem com o movimento desigual de crescimento populacional. “A busca de oportunidades, a possibilidade de encontrar trabalho em outro estado, de alcançar uma renda capaz de levar a família e a perspectiva de melhorar seu padrão de vida estimulam o movimento migratório de uma região para outra. O Nordeste, marcado historicamente por baixos indicadores sociais, sempre se caracterizou como região de imigração”, explica.

Péricles lembra que no primeiro Censo do Brasil, em 1872, o Nordeste concentrava 47% da população brasileira, o Centro-Oeste apenas 2% e o Sudeste 20%, mas que o cenário mudou radicalmente. Em 2023, o Nordeste tem 27% da população do país, o Centro-Oeste subiu para 8% e o Sudeste para 42%. A expansão do agronegócio do Centro-Oeste é considerada um dos motivos para a ida de milhares de trabalhadores de diferentes estados do país, incluindo os do Nordeste, para aquela região.

Oportunidade x distância da família

Juan Gomes é um desses trabalhadores. Em 2016, aos 21 anos, saiu do município de Santana do Mundaú, interior de Alagoas, e foi para o estado de Mato Grosso. Lá, foi contratado por uma produtora agrícola, onde conseguiu se qualificar, passando pela função de auxiliar de serviços gerais, lubrificador e hoje atua como mecânico. Juan só reencontra a família quando tem férias e consegue viajar, no máximo, uma vez ao ano.

“A minha maior dificuldade é estar longe da família, porque sinto muita falta do meu filho e da minha esposa. A internet nos ajuda um pouco a matar a saudade, mas é muito doloroso ficar longe de quem amamos. Pretendo continuar mais um pouco por aqui, mas quero retornar e buscar outros meios”, relata o jovem.

A situação do alagoano representa o que o professor Cícero Péricles explana sobre o impacto da migração na região de origem dos trabalhadores. “A migração retira a capacidade produtiva dos estados nordestinos e penaliza a dinâmica econômica dos pequenos municípios, que são os mais pobres”.

Soluções

Algumas soluções para o Nordeste, apontadas por Cícero Péricles, seriam desenvolver setores empregadores de mão de obra e geradores de dinâmica local, como a agricultura familiar, a construção civil e as atividades de pequenas e médias empresas vinculadas ao mundo urbano, o que aumentariam as possibilidades de emprego na região.

“A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE revela que 3 milhões de nordestinos estão desempregados, que 2,4 milhões estão no desalento, ou seja, pessoas que desistiram de procurar emprego e mais 2 milhões trabalham em tempo parcial, ou seja, estão no subemprego. São 7,4 milhões de nordestinos potencialmente candidatos à migração”, acrescentou.

Dados abertos

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