Os estados de Alagoas e Sergipe foram os que menos sofreram no Brasil com a queda do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) durante a pandemia da Covid-19, quando foi registrada redução em todos os estados do país, segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano. Outros estados nordestinos também aparecem entre os que tiveram menor queda do índice. Apesar disso, Alagoas e Maranhão seguem nos últimos lugares e apresentam menor IDH do país.
O impacto da crise sanitária foi analisado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e divulgado no relatório “Construir caminhos, pactuando novos horizontes”. A Agência Tatu analisou a série histórica de 10 anos do Índice e o cenário de antes e depois da pandemia de Covid-19.
Entre 2019 e 2021, Alagoas e Sergipe passaram respectivamente de 0,687 e 0,705 para 0,684 e 0,702 com redução de 0,4%. Na sequência aparecem o Ceará com recuo de 1,3% e o Rio Grande do Norte com menos 1,9% no índice. Entre os estados com menos perda do IDH no país, sete são nordestinos, incluindo também a Paraíba, Piauí e Maranhão. Confira os dados dos demais estados no gráfico abaixo:
No Índice de Desenvolvimento Humano, o indicador varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, maior o nível de desenvolvimento humano. As maiores perdas do desenvolvimento humano foram registradas em Roraima (reduziu 6,7%) e Amapá (reduziu 6,6%), na região Norte.
Atuação na pandemia
O relatório do Pnud cita que a atuação dos estados nordestinos no enfrentamento à Covid-19. “Tal esforço colaborativo e de inovação proporcionou o fortalecimento e a articulação regional de forma a somar possibilidades de governança compartilhada, capazes de produzir inúmeras inovações – melhorando as capacidades e capacitações dos estados”, diz o documento em sua conclusão, mencionando o Consórcio Nordeste.
Nordeste segue com menor IDH
Apesar de ter menos impacto socioeconômico durante a pandemia, os estados nordestinos seguem com os menores índices em comparação aos demais estados do país. Em 2021, o Maranhão ficou em último lugar no ranking, com 0,676, enquanto Alagoas com o segundo pior IDH do Brasil (0,684). Desde 2012 os dois estados sofrem variações entre as últimas colocações. Confira os dados do IDHM entre 2012 e 2021 no mapa abaixo.
A cientista política Luciana Santana pontua que ter menor queda de IDH durante a pandemia não é exatamente motivo para comemoração. “Sofrer menos redução diz pouco dentro de um contexto que já é muito precário. No caso de Alagoas, por exemplo, o IDH já é problemático sendo o segundo pior do país. Essa menor redução entre os demais estados pode indicar que esteja no início de um processo de mudança, mas não significa muito”, avalia a cientista.
Luciana também aponta que vários fatores impedem o crescimento do índice. “Faltam políticas públicas estruturais, que toquem efetivamente nos problemas. O IDH é formado por vários indicadores, então não adianta investir só na educação se não investir em saúde e saneamento. É necessário que as políticas sejam integradas e a mudança vai demandar um tempo para mostrar os resultados”, acrescenta Luciana.