Transitar pela cidade com seus veículos tem saído caro para os brasileiros nos últimos meses, resultado do frequente aumento nos preços dos combustíveis durante este ano. Em Maceió, um posto de combustível registrou o valor de R$ 7,15 para cada litro de gasolina comum nesta quarta (27), de acordo com informações do aplicativo Abastece Maceió.
Na capital alagoana o preço médio da gasolina é de R$ 6,47 nesta quarta, segundo dados coletados do Litrômetro, ferramenta de monitoramento de preços desenvolvida pela Agência Tatu.
Fatores da alta do preço do combustível
O que muita gente não sabe é que diversos fatores influenciam de maneira significativa no valor final dos combustíveis. Um dos principais é a Política de Paridade de Importação (PPI), que foi adotada em 2017 pela Petrobras, em que se vincula os preços internos ao valor do barril de petróleo no mercado internacional, variando conforme o valor do dólar.
O economista Cícero Péricles fala sobre a relação existente. “Antes, o reajuste era trimestral levando em conta as variações dos preços do ano inteiro, que subiam menos e em um ritmo mais lento. Como o valor do barril vem subindo, as refinarias reajustam seus preços com mais frequência e repassam para os distribuidores.
Com isso, os preços dos derivados sofrem influência pesada das subidas do dólar”, conclui.
Como é composto o preço?
O economista detalhou ainda que cinco itens formam o preço do combustível. O primeiro é o preço do produtor, ou seja, o valor entregue pelas refinarias da Petrobras e pelos importadores privados. Esses valores estão conectados ao preço internacional do petróleo, cada vez que sobe o valor do barril, aumenta, também, o valor da gasolina e do diesel.
Em seguida, há o preço do etanol, que entra com 27% na composição do volume da gasolina; e do biodiesel, que é adicionado ao óleo diesel, com um percentual mínimo obrigatório de 12%. Esses dois aditivos têm preços regionalmente diferenciados.
Há ainda os impostos federais, como o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE). Além disso, há o imposto estadual sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS), cuja alíquota varia de estado para estado.
Por fim, as distribuidoras e revendedoras dos postos de combustíveis participam na formação do preço com a sua margem de lucro, que é determinada por cada empresa. Em Alagoas, a alíquota do ICMS da gasolina é de 29%, a de etanol é de 25% e diesel de 18%.
Impacto em outras áreas
Os reajustes dos combustíveis geram aumento de preços em quase toda a economia, porque os transportes sofrem influência direta da inflação, afetando tanto o custo de vida das famílias, como o custo de produção das indústrias, comércio e serviços.
“No caso do diesel, aumentam os preços dos fretes realizados, basicamente, por caminhões e utilitários, assim como das passagens de ônibus urbanos e interurbanos. No caso da gasolina, penaliza principalmente os usuários de transporte individual. Como esse combustível subiu 42%, os gastos das famílias ficam maiores e, por outro lado, os reajustes reduzem os ganhos daqueles que trabalham com táxis ou transporte por aplicativo, do tipo Uber, 99, etc”, relatou Péricles.
Ainda segundo o economista, a alta no valor dos combustíveis não afeta apenas o setor de transporte. “Como era de se esperar, o aumento nos combustíveis encarece os produtos alimentares – e demais mercadorias – que são transportados de seu espaço produtivo para a comercialização. O aumento no GLP [gás liquefeito de petróleo] impacta a renda familiar e a rede de serviços que utilizam o gás como insumo. O botijão de 13 kg ultrapassou os R$ 110 em todos os pontos de venda. Isso equivale a 10% de um salário mínimo”, finaliza.
A Agência Nacional de Petróleo calcula mensalmente os percentuais dos cinco grandes responsáveis pelo preço final dos combustíveis, revelando essas variações. Esses dados estão no Relatório do Mercado de Derivados do Petróleo”, publicado no site do Ministério das Minas e Energia.
No relatório mais recente, publicado esta semana, os percentuais na composição do preço da gasolina são: 33,3% das refinarias; 28,3% do ICMS, cobrado pelos Estados; 18,2% do etanol anidro adicionado à gasolina; 11,4% dos tributos federais e 8,8% do lucro dos distribuidores e revendedores.
* Estagiária sob a supervisão da Editoria