Desinformações questionando a legitimidade das eleições presidenciais no Brasil seguem sendo compartilhadas nas redes sociais. Nesta semana, um site de ultradireita dos Estados Unidos voltou a publicar supostas evidências de fraudes sobre o processo eleitoral e sugere a suspensão das eleições. O conteúdo é falso.
O que estão dizendo?
Um conteúdo publicado por um site de ultradireita em 22 de dezembro afirma que existem ainda mais evidências de fraude nas eleições presidenciais brasileiras. O texto está sendo veiculado nas redes sociais e se baseia em um suposto estudo técnico produzido por um grupo internacional de analistas forenses feito a partir da aplicação da Lei de Benford.
O conteúdo afirma ainda que “as eleições estão se tornando assunto de nível de Interpol devido à criminalidade massiva, se tornando um escândalo estatístico mundial”. E acrescenta que “cada vez mais estão surgindo novas análises que mostram a fragilidade do sistema de apuração de votos e resultados eleitorais no Brasil”.
No Twitter, diversos perfis têm compartilhado a publicação ao mesmo tempo que afirmam falsamente que Bolsonaro teria vencido as eleições. “Acabou de sair nos EUA afirmando que Bolsonaro efetivamente venceu o segundo turno. Um excelente artigo com um levantamento tecnico de ciencia forense mostrando “como” e “onde””, afirma o post que conta com 11,6 mil compartilhamentos e 33,8 mil curtidas.
A afirmação do conteúdo é falsa. As eleições brasileiras não foram fraudadas e o processo eleitoral foi legítimo, como já foi comprovado por diversas análises oficiais e independentes.
Essa mesma desinformação já foi desmentida pelo Nordeste Sem Fake, o que comprova que desinformações estão sendo recorrentemente replicadas com o intuito de deslegitimar o processo eleitoral.
Sobre este caso, Dalson Figueiredo, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explicou que o dossiê que afirmava existirem fraudes nos resultados eleitorais continha falhas e inconsistências matemáticas e computacionais, além de ter uma metodologia opaca.
“Hoje em dia, qualquer pessoa com um conhecimento intermediário de Excel é capaz de produzir um relatório com informações enviesadas, ou seja, é muito fácil mentir com estatística. Por isso, a ciência vem aderindo a padrões rigorosos de transparência e replicabilidade”, pontuou Figueiredo na checagem do Nordeste Sem Fake.
A técnica da Lei de Benford para analisar processos eleitorais não tem capacidade de identificar e comprovar irregularidades eleitorais. Essa constatação já foi feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e por uma equipe de pesquisadores brasileiros que realizaram estudo com os dados das eleições presidenciais de 2022 e não detectaram nenhuma anomalia.
Nordeste Sem Fake
O conteúdo falso foi encontrado pela robô Dandara, que monitora diariamente diversas redes sociais em busca de publicações com conteúdos potencialmente relacionados à desinformação. O trabalho tem a participação dos checadores do projeto Nordeste Sem Fake, da Agência Tatu. Mais checagens de fatos estão disponíveis no site.