Nos últimos meses, aumentos sucessivos dos combustíveis têm sido presenciados pelos brasileiros. Entre os fatores estão a desvalorização do real em relação ao dólar e também a guerra entre Rússia e Ucrânia. Como resultado disso, a gasolina comum e o diesel sofreram aumentos, enquanto o etanol teve redução durante os três primeiros meses de 2022, em Maceió.
Os dados, coletados pela Agência Tatu, mostram que o preço da gasolina teve um aumento de 9,22%, passando de R$6,40 por litro no mês de janeiro para R$6,99 em março. Ao mesmo tempo, o etanol teve uma redução de 1,93%, baixando o valor de R$5,19 para R$5,10 no mesmo período analisado.
O diesel foi o que teve o maior aumento: 18,71%. Em janeiro, o litro estava por R$5,56, mas com a variação passou a custar, em média, R$6,60.
Outra variação foi no preço do Gás Natural Veicular (GNV), que apesar de não ser tão popular entre os motoristas, vem recebendo reduções no preço. Nos últimos três meses, entre altas e baixas, o valor médio do litro foi de R$4,69 em janeiro para R$4,99 em março, mas, logo em seguida, caiu para R$4,54, representando uma redução de 3,20%.
Diferenças entre gasolina e álcool
A gasolina e o diesel são produzidos a partir do petróleo. No Brasil, foi adotado pela Petrobras desde 2016 o sistema chamado de Política de Paridade de Importação (PPI), que basicamente segue o preço internacional do petróleo, ou seja, é comprado em dólar.
O economista Lucas Emanuel de Barros acredita que as políticas de exploração, venda e compra do petróleo têm sido um dos principais motivos do alto preço do combustível. “Há pouco mais de uma década o Brasil se tornou autossuficiente na produção de combustível fóssil, especialmente desde a descoberta e extração do pré-sal. Infelizmente as constantes privatizações desses poços e a atual política de paridade de preços da Petrobras tem favorecido apenas o aumento do lucro dos acionistas e não o atendimento das necessidades da população brasileira. Ou seja, falta soberania nacional, pois a riqueza e tecnologia desenvolvida no nosso país não tem servido aos brasileiros”, afirma.
Para Lucas, o fator que tem pesado mais na alteração internacional do preço do combustível está relacionado aos conflitos recentes em territórios com maiores capacidades de exportação. É o caso da Rússia, que recentemente entrou em confronto direto com a Ucrânia.
Já o etanol, também conhecido como álcool etílico, é produzido a partir da cana-de-açúcar e resulta em dois tipos de etanol: o anidro e o hidratado. O que será utilizado diretamente nos veículos automotores é o hidratado, mas o anidro é um dos ingredientes essenciais na produção da gasolina.
Quando se fala em álcool etílico, o Brasil é um dos principais produtores de cana-de-açúcar e de etanol do mundo, o que facilita a distribuição e comercialização do produto.
Além disso, Lucas esclarece que grande parte da produção do setor sucro-energético é para exportação, o que auxilia na redução do preço. “Recentemente houve uma valorização do real e leve desaquecimento das exportações de commodites, somado a isso tem-se o desenvolvimento de outros combustíveis de energia limpa sendo desenvolvidas”, relata o economista.
Vale a pena utilizar o etanol em vez da gasolina?
Mesmo com o preço mais baixo do etanol e o mesmo sendo substituto direto da gasolina no Brasil, é preciso avaliar se vale a pena escolher o etanol. Assim, Lucas explica que há como calcular a vantagem da gasolina sobre o etanol e vice-versa. Basta calcular a relação de 70% da gasolina. Multiplica-se o valor da gasolina por 0,7 e se for menor que o valor do etanol, será mais vantajoso abastecer com gasolina, caso seja maior será mais vantajoso abastecer com etanol.
Exemplo: Se o valor médio da gasolina em março de 2022 é de R$6,99 e o do etanol é R$5,10, ao multiplicarmos o litro da gasolina por 0,7, teremos aproximadamente 4.90, que ainda é menor que o valor do etanol. Então sairia mais em conta abastecer com gasolina.
Apesar disso, Lucas afirma que é preciso analisar o consumo do carro com a gasolina e com o etanol, perfil do motorista e as tecnologias empregadas no veículo em questão. Assim, o dono do veículo poderá chegar a uma conclusão mais precisa.
*Estagiário sob a supervisão da editoria