Para a construção de um metro quadrado de um imóvel, o alagoano precisa desembolsar em média R$1.276,38. Há um ano, esse valor estava R$220,10 mais barato, o que representou um aumento de 21% no custo médio das construções. É o que informa o Índice Nacional da Construção Civil (SINAPI), analisado pela Agência Tatu. O período abrange os meses de maio de 2020 a maio de 2021.
O aumento nos custos está diretamente relacionado aos preços dos materiais de construção, que registraram um crescimento ainda maior em 12 meses, com um acumulado de 36,23%. Ou seja, o que antes custava R$582,55 passou a custar R$793,62.
“Quando a pandemia iniciou ano passado, a indústria de materiais de construção acreditava que o mercado ficaria desaquecido e com isso começaria a ter sobra de materiais no mercado. Contudo, com o auxílio emergencial e com a continuidade das obras o consumo de materiais de construção aumentou muito. As empresas que haviam diminuído a produção acabaram com os estoques e a produção não foi suficiente para atender o mercado. Com isso gerou aumento de preços” explica o presidente do Sinduscon-AL, Alfredo Brêda.
Ainda segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas, o valor do dólar influenciou no aumento do custo. “Então, a falta de materiais, o excesso de consumo, o aumento da demanda do setor da construção e o aumento do dólar tudo isso junto levou ao aumento de materiais”, detalhou Brêda.
Em contrapartida, o preço da mão de obra, que representa um pouco mais da metade do valor total do metro quadrado, teve uma variação pequena, de apenas 1,91%. O que antes custava uma média de R$ 473,73, passou a custar R$ 482,76. Confira o gráfico:
Thiago Barros, que atua há 16 anos como engenheiro civil, hoje pela T Barros Engenharia, explica como o aumento generalizado nos preços afeta a realidade da construção civil no mercado alagoano. “O valor da matéria prima aumentou muito de um ano e meio pra cá. Alguns itens dobraram o valor. Houve impacto direto no preço do metro quadrado da construção e até escassez de material. A matéria prima que era encontrada com quinze dias de procura, atualmente exige até 45 dias para a entrega. As ferragens, por exemplo, nem se consegue mais fazer o pedido de quem a gente sempre encontrava no mercado”, diz.
Barros contou que as medidas tomadas foram para tentar reorganizar o cronograma de construção da obra de uma maneira que não atrapalhasse o andamento do empreendimento.
“Nós tínhamos um leque de empresas cadastradas, mas também tivemos que diversificar para poder buscar esta matéria, devido à escassez no mercado pelo elevado valor da matéria-prima. Como você não encontra no mercado, tende a subir o preço da obra pela dificuldade de manter uma construção que você já tinha fechado o valor”, relata o engenheiro.
Índice Nacional da Construção Civil
Essa pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é responsável por, mensalmente, realizar levantamento de custos e índices para o setor habitacional. O valor representa a soma de dois fatores: materiais e mão de obra. É o que explica o presidente do Sinduscon de Alagoas, Alfredo Brêda: “O Sinapi é o balizamento de preços feito pela Caixa a nível nacional, atualizando os preços de materiais, mão de obra, dos serviços compostos para que nenhum preço licitado pelo governo federal, estadual ou municipal extrapole os limites definidos por eles”.
*Estagiária sob supervisão da Editoria