Mais de 1,7 milhão de eleitores das capitais do Nordeste abriram mão da escolha dos gestores que vão governar os municípios nos próximos quatro anos. Apesar da redução de 14,5%, em comparação ao pleito eleitoral de 2020, a quantidade de abstenções ainda é equivalente a toda a população de Curitiba (PR).
A Agência Tatu realizou o levantamento a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e constatou que 1.742.598 eleitores das nove capitais nordestinas não compareceram às urnas em 2024 para a escolha dos prefeitos e prefeitas dos seus municípios. A análise considerou o resultado do 1º e 2º turno para prefeitos, onde houve eleição no dia 27 de outubro.
A quantidade representa uma redução de 14,5% em comparação aos faltosos nas eleições de 2020, quando 2.039.595 milhões de eleitores faltaram ao processo eleitoral. Em oito capitais houve redução das abstenções e apenas João Pessoa registrou um aumento.
A cientista política Luciana Santana avalia que não há motivo para comemorar essa redução ao considerar ainda o alto número de faltosos. Além disso, ela observa que em 2020 a pandemia também influenciou a ausência de eleitores.
“Há uma insatisfação muito grande de eleitores com a classe política, como também um comodismo diante de instrumentos disponibilizados, a exemplo da possibilidade do eleitor justificar a ausência pelo aplicativo do TSE. A abstenção se torna menor em cidades menores pela proximidade do eleitor com o candidato, diferente do cenário da capital. Outro fato é que quando tem cenário confortável, o eleitor prefere se eximir do processo eleitoral, mas quando tem uma disputa acirrada, há uma tendência do eleitor comparecer mais”, elencou Luciana.
“Essa redução não pode ser comemorada, mas precisamos entender porque esse número continua alto, pois ao longo do tempo é um fenômeno que tende aumentar mais, já que as pessoas continuam cada vez mais inseguras com as opções dadas. É algo penoso e problemático para a democracia. Precisamos da participação dos eleitores para qualificar o debate”, acrescentou a cientista política.
A maior redução de abstenções entre as eleições de 2020 e 2024 foi registrada em Fortaleza. No segundo turno de 2020 foram 414.960 mil abstenções na disputa entre Sarto (PDT), eleito com 51,69% dos votos válidos, e Capitão Wagner (PROS), que obteve 48,31% dos votos. Em 2024, também com uma disputa acirrada, houve registro de 280.329 faltosos, uma redução de 32,4%. Neste ano, o prefeito eleito foi Evandro Leitão (PT) com 50,38% dos votos contra André Fernandes (PL) com 49,62% dos votos.
Também houve queda no número de abstenções ao comparar os dois pleitos em Teresina (29,8%), São Luís (20%), Maceió (15,1%), Salvador (8%), Aracaju (6,8%), Natal (5%) e Recife (4%).
Apenas João Pessoa, na Paraíba, teve aumento de 6% de faltosos este ano, 129.360 no total. No segundo turno, Cícero Lucena (PP) foi reeleito com 63,91% dos votos válidos, enquanto o adversário Marcelo Queiroga (PL) obteve 36,09% dos votos. Em 2020, foram 121.918 abstenções, quando Cícero Lucena foi eleito com 53,16% dos votos contra Nilvan Ferreira (MDB) com 46,84% dos votos.
Maior percentual de abstenções
Natal foi a capital nordestina que mais teve abstenções de votos em 2024. Os 150.064 faltosos representam 26,07% dos 575.629 mil eleitores aptos ao voto. Em contrapartida, o menor número foi em Fortaleza. Os 280.239 faltosos na capital cearense são 15,84% de todo eleitorado, que é 1,7 milhão.